O médico Toscanini Barcellos de Oliveira, de 26 anos, revelou um episódio vexatório em que foi submetido durante um atendimento em Viradouro, cidade localizada no interior de São Paulo. Segundo o profissional, a mãe da paciente em questão se revoltou quando percebeu que a sua filha seria atendida por ele. Por meio do Instagram, Barcellos postou o ocorrido e deixou claro que acredita em homofobia.
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Tenho total consciência dos meus privilégios dentro da sociedade, algo que de forma alguma me isenta de sofrer o preconceito diariamente. Estive de plantão numa cidade chamada Viradouro no dia 24/07/2021, com uma colega também médica. Chegou pra gente uma paciente quase desacordada, que necessitava de cuidados imediatos. Prontamente, nos colocamos à disposição daquela vida que estava ali sob risco de vida. E nos dedicamos e fizemos o melhor que poderia ser feito naquele ambiente e com os recursos disponíveis. Graças a Deus e ao trabalho da equipe impecável que se encontrava conosco tivemos sucesso em trazer melhora e conforto para a paciente nesse momento tão sensível, começou.
Em um determinado momento, ao qual estava como único médico da cena, me deparo com uma mãe raivosa proferindo os seguintes dizeres: ” – eu não quero que minha filha seja atendida por esse médico”; ” – eu não quero que ele toque nela, que ele se afaste imediatamente”; ” – eu quero a Dra atendendo minha filha e não ele”. Eu absorto na situação, me coloquei a questionar o que eu teria feito de errado naquela situação. Será que eu cometi algum equívoco? Não prestei a atenção e o cuidado que ela precisava? Será que meu cuidado não era suficiente?, continuou.
Entra uma irmã da paciente e tenta justificar o que havia acontecido como se naturalizar ou associar um PRECONCEITO ao calor do momento foi alguma justificativa plausível., diz. Não podemos JAMAIS naturalizar o PRECONCEITO E A HOMOFOBIA. Quantas pessoas sofrem fisicamente e psicologicamente todos os dias as consequências de uma sociedade que apesar das modernidades, continua perpetuando e aceitando comportamentos como este?, enfatiza.
Ao Observatório G, Toscanini ressaltou que sentiu-se impossibilitado de registrar a ocorrência de imediato.
Foi um momento muito sensível pra mim. Acredito que ainda estou tentando processar tudo o que aconteceu. E para mim, apesar de saber o peso social que este gesto pode carregar, infelizmente não acredito que eu tenha saúde mental neste momento para outro desgaste. Temos que respeitar nossos limites, e é o que eu tenho tentado fazer.
Conversei com todos os funcionários do plantão. Recebi apoio e acolhimento por parte da equipe técnica do Pronto Socorro, inclusive o caso foi reportado às autoridades locais (Prefeitura, Secretaria de Saúde). Neste momento, é importante se sentir acolhido. E tenho muito a agradecer a toda equipe que esteve comigo no momento do ocorrido e após, revelou.