João Augusto Maia, 24, e o namorado Matheus Felipe Batista, 36, relataram ao UOL que foram vítimas de homofobia no domingo (13), em um condomínio do bairro Carlos Prates, em Belo Horizonte.
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As vítimas dizem que foram agredidas com uma barra de ferro pelo vizinho, um sargento da PM (Polícia Militar). Os dois informaram também que as agressões verbais eram frequentes, a ponto de optarem por mudar de apartamento.
Quando estavam prontos para partir, notaram algo errado. O casal percebeu que a fechadura do apartamento encontrava-se com indícios de arrombamento.
“Comuniquei a imobiliária e combinamos de fazer um registro na polícia. Como o isolamento acústico é ruim, não sei o que houve, creio que o vizinho ouviu a conversa, e já saiu gritando: ‘Seus veadinhos desgraçados, vou matar vocês é agora'”, relatou João Maia.
“Quando eu disse que chamaria a PM, o vizinho disse: ‘Ah, é? Então vou matar vocês agora, seus travestis’. Ele foi correndo para casa dele e pegou uma barra de ferro maciça e partiu para cima do Matheus, mirando na cabeça. Só que, como o meu namorado tem pouco de prática de defesa pessoal, se esquivou, mas ainda assim foi atingido no queixo e clavícula”.
Antes da agressão física, eles relatam, ao Globo, que os ataques foram se intensificando, até que a situação ficou insustentável e eles decidiram que precisariam se mudar dali, depois de terem ouvido do homem, um sargento da Polícia Militar de Minas Gerais, de 48 anos, e de sua esposa, que deveriam morrer e ir ao inferno por serem gays, episódio que aconteceu há três semanas.
— É sempre com teor preconceituoso. Tem um ano que ele perturba a gente, mas as agressões todas sempre são pautadas na questão da sexualidade, da identidade de gênero, sempre voltadas a atacar esse aspecto da intimidade, e isso é o que nos machuca bastante — lamenta João.
Os policiais e as testemunhas não ficaram, e, por isso, a situação de flagrante pelo crime de homofobia acabou desqualificada, e ele acabou liberado. Não sei se por falta de treinamento da polícia para casos como esse ou, não posso afirmar, mas desconfio, por corporativismo por ele ser policial — acrescentou João. — Mas nós vamos ajuizar para que seja instaurado um processo administrativo que apure a conduta desses policiais. O que a gente procura é justiça.
Casal relata que as agressões vinham em situações corriqueiras, tudo era motivo para o agressor despejar homofobia
— Já no primeiro dia que eu me mudei, fui montar uma escrivaninha e ele pulou o muro que separa as casas, bateu na minha janela e me ameaçou porque o barulho da montagem estava atrapalhando ele, e eu retruquei, dizendo que era horário comercial; depois, tomou a mesma atitude porque eu estava varrendo a casa e, segundo ele, estava fazendo barulho na casa dele, atrapalhando o descanso dele porque ele trabalhava de madrugada — conta. — Em seguida, o teor das agressões mudaram. Ele começou a me caçar na janela do meu quarto. Um dia, eu ri enquanto estava assistindo uma comédia e ele, do nada, apareceu na minha janela: “Ri mesmo, seu desgraçado, sua hora vai chegar, seu viadinho, traveco”. É sempre com teor preconceituoso. Não foi só essa vez. Tem um ano que ele perturba a gente, mas as agressões todas sempre foram pautadas na questão da sexualidade, da identidade de gênero, sempre voltada a atacar esse aspecto da intimidade, e isso é o que machuca bastante.
Polícia, em nota, afirmou que vai investigar o caso.
“Em relação ao fato ocorrido, neste domingo (13/2), a ocorrência foi recebida pela Central Estadual do Plantão Digital, sendo três pessoas, de 24, 36 e 48 anos, ouvidas e liberadas. Na ocasião, a autoridade policial ainda instaurou procedimento investigativo para apurar os fatos e a investigação segue em andamento. Outras informações serão prestadas com o avançar da investigação para não comprometer o andamento do feito”, disse a corporação em nota.