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Assistir pornô é trair o parceiro? Veja o que diz a especialista

Como você lida com o pornô?

Publicado em 07/10/2021

Sempre suscitando o interesse até dos mais recatados, a indústria pornô investe cada vez mais em filmes que trazem à tona temáticas variadas. Até enredo político, recontado da forma mais erótica possível, já compôs os conteúdos que fazem a alegria de quem busca a ‘satisfação imediata’. Nesse sentido, diante de tamanha expressão na produção e difusão de conteúdo pornográfico, o consumo de pornografia acompanha a mesma proporção.

Em relação ao casal, o pornô pode apimentar, mas o seu excesso pode estragar o relacionamento? Virtual pode se misturar com o real? E questões como insegurança, podem se potencializar? Se você pegar o seu parceiro assistindo um filme, como reagiria? Essas indagações foram respondidas ao Observatório G pela Caroline Busarello Bruning, psicóloga, e terapeuta individual e de casais.

1- Dentro de relacionamentos, sejam eles monogâmicos ou poliamorosos, por que algumas pessoas relacionam o fato de assistir pornô à traição?

As nossas vidas e os nossos relacionamentos, incluindo os românticos e sexuais, estão cada vez mais no mundo digital. O que é traição e o que não é, ficou ainda mais difícil de traçar depois do surgimento da internet e da superprodução caseira, das novas modalidades de entretenimento sexual que a gente tem – OnlyFans, CamGirl, Camboys. Vários serviços que temos acesso – pagos ou não – Xvídeo, PornHub, e isso dificulta um pouco a linha sobre o que é traição ou não. Mas vários estudos sinalizam que o problema não é a pornografia em si, mas como o casal lida com ela. Isso é comunicado? Isso é acordado? É respeitado entre as partes? Em relações monogâmicas, a pessoa parte do princípio de que é exclusiva e não discute o conceito de exclusividade, que é amplo. Por exemplo, pode ser que eu seja exclusiva no sentido de só sair com você, mas não de só conversar com você. Por isso, é importante que o casal discuta abertamente essas questões, inclusive no que tange aos limites.

As pessoas ainda compram a ideia romantizada do “felizes para sempre”, com fórmula mágica, sem conversas. No final das contas, a traição é mais sobre você quebrar a confiança, romper um contrato. Seja mentindo, ou sabendo que não gosto e que é importante pra mim que você não faça, mas você vai lá e faz. A parte mais complicada, é pensar no conceito de infidelidade como a quebra da confiança que ocorre quando você mantém segredos íntimos, importantes, essenciais, que têm a ver com a relação, do seu parceiro primário. Independentemente de a relação ser monogâmica ou poliamorosa, o mais importante é a confiança mútua, a segurança. Não é tanto a pornografia, mas a mentira a respeito da pornografia, o distanciamento emocional, a sensação de ter sido sacaneado. A quebra de confiança é a coisa mais complicada de reconstruir.

2 – Um filme pornô, de forma geral, representa um ideal. Esta imagem tende a refletir como o sexo deve ser, como o seu parceiro deve agir em relação à performance na cama. Em caso de gays ativos, por exemplo, há nos filmes o homem viril, musculoso, estética delineada, um pênis que chama atenção. Isso intensificaria a insegurança?

Pode sim, em homens e mulheres. Desde a expectativa não ligada ao pornô que nós mulheres temos naturalmente em relação ao corpo, até a expectativa de corresponder a vontade do parceiro e se sentir frustrado por não conseguir. Em 2001/ 2002 era Gisele Bündchen o padrão. Em 2021, Kardashian, Cardi B, o que é impossível sem intervenção cirúrgica. Mas raramente a cirurgia é pra você, é mais para o outro. Isso aumenta muito a insegurança sobre como meu corpo deve aparecer para o meu namorado ou namorada em comparação ao pornô. Aí entra a falta de comunicação, boa parte dos casais não conversa sobre sexo ou tem o hábito de pegar um pornô e conversar sobre as sensações causadas com o filme. A comunicação é importante, pois diz sobre o que o outro quer dar e o quanto ambos querem explorar.

Em relação ao gay másculo, ativo e, consequentemente, mais aceito socialmente, também. Sim, pode passar uma insegurança. Meus pacientes têm uma questão forte com a estética, de buscar, especialmente no Instagram ou Grindr, meninos que tenham uma aparência mais masculina, que alimentam a fantasia do ativo e do viril. O pornô gay causa o mesmo problema de idealização que o pornô hétero, tanto sobre virilidade, da facilidade na penetração, sobre como vai desenvolver. Alguns pornôs têm várias pessoas ao mesmo tempo e isso alimenta fantasias e pode gerar inseguranças.

Toda transação tem extremos. Dentro da comunidade LGBTQIA+, ainda há estereótipos que tentam ser quebrados. Os integrantes ainda estão se permitindo viver coisas para além das siglas e nomenclaturas.

3 – Um filme erótico pode apimentar a relação

Claro, especialmente se o casal estiver em sintonia de uma maneira saudável, caso as partes estejam abertas para isso. Uma coisa que pode acontecer, é uma das partes surpreender a outra com algo que aprendeu em um pornô mais saudável. Dá muito certo, sobretudo se ambas as partes mutuamente usem o pornô para apimentar a relação, falar sobre, de forma consensual.

4 – Os dados de uma pesquisa realizada pelo Quantas Pesquisas e Estudos de Mercado dizem que 22 milhões de brasileiros assumem consumir pornografia e 76% são homens; a maior parte é jovem. Isso poderia causar danos cognitivos, emocionais e comportamentais?

Sim, tudo em excesso pode causar danos. A partir do momento que a pessoa começa a abrir mão de outras áreas da vida, do convívio social, passar mais tempo no celular ou computador. Pode ser prejudicial, tanto como uma forma de usar como fuga, ou uma idealização muito alta sobre o que é sexo e como deveria ser o corpo da parceria. Até acabar preso nas expectativas tão altas. A insatisfação sexual vem justamente dessa expectativa frustrada.

5 – O parceiro pode perder o interesse pelo real para ficar no virtual?

Pode, por diversas razões. Tanto por ter uma expectativa muito presa do que o pornô deveria ser, tanto pelas inseguranças. E o pornô viabiliza um alívio das necessidades sexuais, como masturbação, sem a demanda de correr o risco de ser criticado ou falhar na relação sexual com outra pessoa. Geralmente, apelar para o virtual é uma forma de fuga. Evitar se comunicar na parceria. A solidão e a pornografia têm uma correlação muito alta. Então, ficar com o pornô pula etapas do convívio social, não preciso me arriscar a ser rejeitado ou falhar na hora da relação sexual com outra pessoa. As meninas têm uma tendência a romantizar a relação sexual, já os meninos a desumanizar, principalmente pelo pornô. Existe uma cobrança muito forte em termos de performance, de como vai ser visto, se é potente. É muito comum que os meninos vejam o pênis separado do corpo – não sou eu que não funciono, é meu pênis que não funciona. Essa desumanização tem muito a ver com o aprendizado do pornô.

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