Nesta semana, um homem trans e negro ganhou o direito a uma indenização de R$ 5 mil da Caixa Econômica Federal (CEF) por ter sido vítima de ameaça e ofensas racistas por um segurança terceirizado da agência bancária. A juíza Daniela Zarzar, da 30ª Vara Federal de Pernambuco (JFPE) é quem proferiu a sentença, após uma audiência de instrução realizada na última terça-feira (20).
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O caso em questão foi registrado no dia 20 de setembro de 2019, quando a vítima se deslocou até a agência para realizar um deposito no valor de R$ 3 mil ao lado de sua companheira. De acordo com o processo, o dinheiro era “resultado da venda de doces e salgados durante um ano, que serviriam para aprimoramento do negócio“. Entretanto, uma confusão aconteceu na hora do atendimento e o segurança precisou intervir, usando palavras ofensivas. “O próximo neguinho que vir aqui fazer bagunça e confusão, eu vou levar para o quartinho, vou bater e ninguém vai nem saber. Não vai dar em nada“, teria dito o segurança durante a discussão.
A vítima teria respondido a grosseria com “Boa Tarde” e solicitado para que o segurança chamasse o gerente da agência, deixando o funcionário completamente descompensado com a sua atitude. O vigilante ficou alterado, abriu o coldre e mostrou a arma, ameaçando atirar no cliente da agência. De acordo com a JFPE, logo após a ação do segurança, a vítima desferiu palavrões e o chamou de racista.
Diante dos relatos apresentados na audiência, a juíza Daniela Zarzar disse que a vítima só reagiu por ter sido tratado de forma grosseira. “Para muitos, o que ocorreu foi uma mera alteração, um aborrecimento qualquer havido em fila de banco, que teria sido desimportante para outras pessoas, mas não no caso em que se tratou do estopim para fazer cessar as condutas repugnantes do preconceito velado”, escreveu na sentença.