Neste domingo (10), a primeira pilota trans do Brasil, Carol Nunes, de 29 anos, falou sobre a sua luta contra o machismo e a transfobia no automobilismo. Em entrevista ao UOL, a pilota relata que os ataques e demonstrações de preconceitos sempre acontecem de forma velada.
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“Toda vez que participei de algum vídeo em canal do YouTube, entrevista, vieram os ataques. Eu não posso ler os comentários da internet. Nunca fui atacada ou ofendida diretamente, mas sempre vem por fora ou por piadas maldosas”, contou Carol, que iniciou sua transição quando já vivia no meio automobilístico.
Dona de um Fusion GT, Carol lidera a temporada da “Super Liga Desportiva de Velocidade” na categoria “Woman Experience”, destinada apenas a mulheres. A pilota relata que foi abordada por outra competidora sobre a sua presença dentro da categoria feminina, mas que não desistiu de estar na competição. “Eu sinto que me tornei uma referência e que outras pessoas e amigos que estão no processo de transição e gostam do universo do carro viram que podem estar ali e serem eles mesmo”, pontua.
Além da transfobia velada, Carol relata que o machismo ainda é forte no meio entre os corredores. “Há sempre as piadas relacionadas às mulheres que estão competindo ou que aparecem com carros preparados em eventos. Sempre julgam que nós mulheres não sabemos nada de carro”, desabafa.
Por fim, a pilota acredita que a criação de uma categoria dedicada à comunidade LGBTQIA+ dentro do meio automotivo não é o caminho. “Seria uma faca de dois gumes: bom para quem está chegando se sentir confortável e bem recebido, mas também um alvo fixo para os preconceituosos”, refletiu Carol.