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Política

8M: Lésbicas radicais, bi e trans ressaltam as suas demandas no 8 de março

8 março - Dia Internacional da Mulher

Publicado em 08/03/2022

Diferentemente de governos tirânicos, a democracia é o sistema político que permite a convivência harmônica entre diferentes e que envolve contestação e participação, como entende Joseph Schumpeter. Há severas críticas sobre ela, mas é o que temos, por isso nossa democracia precisa estar sempre enrijecida, para seguirmos com o direito integral ao contraditório. Nesse sentido, não há e nunca terá um pensamento uníssono sobre demandas políticas, mesmo que estas sejam reivindicações só de mulheres.

Hoje, Dia Internacional da Mulher, é o momento para olhar a realidade e observar o lugar em que a mulher está alocada atualmente, que não é o mesmo do século XIX, mas ainda existem desafios, sobretudo quando diferentes recortes sociais são considerados.

Mesmo com críticas ferozes advindas de todos os lados, o feminismo, desde o seu início na Revolução Francesa, quando ainda nem levava este nome, já buscava o diagnóstico e o remédio que diminuíssem a disparidade entre homens e mulheres em uma sociedade adoecida. Aliás, mesmo sem tantas fontes documentais, há registros de mulheres, que mesmo antes das europeias que dominaram o acesso acadêmico, já se organizavam frontalmente contra a dominação masculina.

Muita gente alude o 8 de março à morte de 130 operárias carbonizadas em um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911. Mas na verdade, no final do século XIX na Revolução Industrial, as mulheres já trabalhavam e crianças também, já que o trabalho infantil era autorizado e, nessa direção, muitas mulheres já se organizavam em torno de condições dignas de trabalho. Há também quem remeta o dia à Dinamarca, em um evento que reuniu socialistas mulheres de várias partes do mundo, em 1910.

Em 8 de março de 1857, em Nova York, as operárias têxteis entraram em greve pedindo a redução da jornada de trabalho de 16 para 10 horas por dia e recebendo menos que um terço do salário dos homens. Parte das grevistas foi trancada no galpão e a fábrica foi incendiada. 130 delas foram carbonizadas”, explica a cientista política Lucia Avelar, professora da Universidade de Brasília, ao Az Mina, levantando outra hipótese acerca da data do incêndio.

Já nos Estados Unidos, em 1908, a organização aguerrida de mulheres protestava por melhores condições de trabalho e pelo voto. O ato emblemático foi chamado de “Dia da Mulher”.

Figura central sempre atrelada à proposição do 8 de março é a marxista alemã Clara Zetkin. Alexandra Kollontai, marxista, também trouxe fortemente o conceito de classe para o feminismo, visto que feministas liberais como Mary Wollstonecraft não deram importância para estes recortes.

Em 1917, em meio a I Guerra Mundial, o dia ganhou robustez. Com a marcha “pão e paz”, mulheres russas vindicaram o fim da guerra e a fome massacrante que aniquilavam o país. Então, o dia internacional de luta das mulheres foi sancionado entre os soviéticos após a chegado dos bolcheviques ao poder.

Além disso, a data foi institucionalizada e ganhou o reconhecimento da ONU em 1975.

Lésbicas Radicais

Mãe do feminismo radical, Simone de Beauvoir, bissexual, já começa o livro Segundo Sexo propondo premissas para entender a gênese da submissão feminina. Ela diz que as fêmeas sempre foram vistas como amaldiçoadas ou inferiores em detrimento dos machos. A autora cita povos primitivos que tinham medo das mulheres por acreditar que elas eram penetradas por larvas ancestrais sob a forma de germes, por isso davam à luz. A filósofa francesa, no primeiro volume, disseca toda a questão ontológica do início da vida, dos organismos, procriação, etc. Mais à frente, Simone diz que a mulher, a mais individualizada das fêmeas, aparece também como a mais frágil e que vive dramaticamente o seu destino e se distingue profundamente do macho.

Feministas radicais entendem que a opressão da mulher advém do sexo, dos 5000 anos de patriarcado que relegou a fêmea estritamente à função reprodutiva e ao macho o dever de prover. Posteriormente, a construção do gênero e da feminilidade concedeu a mulher a tarefa de servir, especialmente sexualmente, aí vem a questão do estupro marital que existe desde o início dos tempos. Elas têm como inspiração nomes como Alice Walker, engajada em iniciativas políticas desde os anos 1960; Andrea Dworkin, teceu críticas incisivas ao mercado pornográfico; Silvia Federici, que falou sobre trabalho doméstico; Karina Vergara Sánchez também discorreu sobre a exploração do trabalho doméstico; dentre outras. No Ciberativismo, uma página que traz o feminismo raiz e questões de sexualidade de forma intelectual e explicativa é o perfil Vulva Negra.

No século XIX, as Ordenações Filipinas (legislação importada de Portugal) permitia que o marido aplicasse castigo corporal na mulher e a matasse em caso de adultério. Em 1824, na Constituição Política do Império no Brasil, art. 178, renegou a mulher da sucessão do império e entendeu como cidadão de direito apenas homens com mais de 25 anos e os que acoplassem renda de 100mil-réis.

A criação do Conselho Nacional da Condição da Mulher (CNDM), em 1984, foi uma grande vitória da mulher. O Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA), de Brasília promoveu uma campanha em prol da inclusão dos direitos das mulheres na nova carta constitucional.

O movimento lésbico radical tem a sua essência ancorada em teóricas como Monique Wittig, que trouxe o questionamento da heterossexualidade nas mulheres. Audre Lorde, feminista negra importante que propiciou amplo debate sobre sexualidade e o erótico, por exemplo. Já Betty Friedan, autora do afamado Mística Feminina, não considerava pertinente discussões sobre a mulher lésbica. Na reunião da NOW em 1969, chamou o movimento de lésbicas de “ameaça lavanda”, por entender que as vindicações das lésbicas distraía dos objetivos de ganho econômico e igualdade social para as mulheres.

Masculinidade

Os homens também foram aglutinados em caixas na sociedade. O livro de 1990 Manhood in the Making fala das concepções culturais da masculinidade. Imperativos como – Prover, proteger e procriar – os 3 P – demarcariam o comportamento viril nos homens. Isto é, o homem que foge destas “atribuições” tem a sua masculinidade vista como ‘desviada’, logo, não é respeitado.

Pautas

A pauta das lésbicas radicais hoje consiste no respeito à historia e respeito à bandeira do movimento. Formas eficazes de enfrentamento do lesbocídio e estupro corretivo, considerando os diferentes contornos, visto que lésbicas que não trazem características de gênero historicamente atribuídas ao feminino são mais vítimas de violência.

O perfil Memória Lésbica, de conteúdo lesbofeminista, traz as demandas do movimento.

A porcentagem dos assédios reportados aumenta consideravelmente quando se faz um recorte de raça: 54% das mulheres lésbicas negras foram vítimas de toques não consentidos, 45% foram vítimas de assédio sexual e 27% dizem já ter sido estupradas no ambiente de trabalho.

É impossível negar que toda mulher negra questione a data de hoje e ou reflete pesadamente sobre ela. É impossível negar que as negras lésbicas não feminilizadas ignoradas pelo mercado de trabalho e por certos espaços sociais na data de hoje se sinta inválida. É impossível negar que apesar de retórica, a resposta para essa pergunta colocaria paz no coração de muitas de minhas iguais.
Mas… Enquanto seguimos trabalhando mais, recebendo menos, sendo mais agredidas (Marielle e Luana Presente) e manipuladas pela indústria farmacêutica em todo cuidado (leia-se negligência) com nossa saúde, o dia de hoje se torna só mais um dia. Um pouco mais pesado, mas só mais um dia.

Mulheres bissexuais

Durante os anos entre 1989 e 1993 eclodiu o embate mais inflamado entre feministas lésbicas e bissexuais, no qual a bissexualidade foi vista como antifeminista, já que as mulheres bissexuais “cedem o seus corpos aos homens”. Além disso, existem lésbicas que defendem até hoje que toda mulher é alvo da ‘heterossexualidade compulsória’, logo, poderia ser lésbica. Mas isso é uma forma de tentar moldar o desejo da mulher bissexual, que quer ter a sua sexualidade respeitada. Rótulos de indecisa e promíscua são comuns. A política Isa Penna, do Psol, é bissexual.

Mulheres trans

A transexualidade tem respaldo na ciência, tendo em vista que é tema de muitos artigos científicos validados por médicos respeitados mundo afora, isto é um fato. Um estudo realizado por Milton Diamond computou que, quando um gêmeo idêntico era transexual, em 30% dos casos o outro também era. Pesquisadores do Prince Henry’s Institute of Medical Research endossaram a questão genética para estes casos, tinha algo a ver com a resposta cerebral. Neste caso, o questionamento é se existe diferenças consideráveis entre o cérebro de homens e mulheres. Os estudos levam em conta a média de como funcionam os cérebros de ambos.

Hoje a temática de gênero reverberou bastante. Muitos ativistas, sobretudo não-binários, entendem que é mais uma questão de autopercepção do que propriamente advinda do nascimento. O gênero suscita polêmicas por se basear em critérios de subjetividade, diferentemente do sexo, que é fator objetivo. Judith Butler, filósofa pós-estruturalista, concedeu fecundas contribuições sobre o tema. Julia Serano, ativista trans e bissexual, também discorre sobre gênero na academia. Juno Roche também é um nome do ativismo queer. Paul B. Preciado é um filósofo trans conhecido, ele falou bastante sobre identidade e pornografia.

Gosto da ideia de transfeminismo para pensar as intersecções entre as questões próprias das mulheres trans e os demais feminismos, como um campo fronteiriço de diálogo, de trocas e até mesmo de disputa. Esse lugar de fronteira deve ser entendido, portanto, como lugar de encontro. O transfeminismo faz fronteira com o feminismo negro, com o feminismo lésbico, com o feminismo socialista, com o ecofeminismo. E essas fronteiras são intersecções essenciais às demandas da mulher como corpo social plural. A mulheridade da mulher trans não se situa no âmbito do biológico, mas está completamente sintonizada com o ser de sua identificação, diz a deputada Erica Malunguinho, ao Elástica.

Duda Salabart, vereadora de BH, diz que intenta zerar os assassinatos de pessoas LGBT+ em até 3 anos na capital e capacitar a Guarda Municipal para melhor acolhimento da comunidade LGBT +.

Erika Hilton, vereadora de São Paulo, publicou em suas redes as ações implementadas para mulheres paulistanas.

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