Em tempos de polarização quando o assunto é política, a foto de um casal lésbico – uma com uma camiseta do candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL) e outra com uma peça da campanha #EleNão contra a mesma candidatura – viralizou nas redes sociais, e tem o intuito de pedir mais respeito “independentemente de qualquer coisa”.
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O post originalmente publicado no último dia 16, conta com mais de 32 mil curtidas, além das mais variadas reações que vão desde ofensas, elogios e perguntas sobre a relação com ideais tão extremos.
O casal em questão é a tatuadora pernambucana Shalymar Martins (eleitora do Bolsonaro), 28, e a paulistana Jessica Brunetti, 30, que em entrevista ao UOL contou como vivem com posicionamento político tão adverso. “Claro que não é tranquilo saber que a mulher que amo vota nele. Mas resolvi respeitar. Eu voto em qualquer um que tire ele, mesmo sabendo que isso não é o mais inteligente a se fazer como cidadã”, afirmou Jéssica.
A jovem se considera feminista, de esquerda, e ouve questionamentos das próprias amigas sobre a posição escolhida pela namorada. “Decidimos que cada uma vai cuidar do seu título de eleitor. Já discutimos muito sobre política e sempre são aquelas conversas em que ninguém chega a lugar nenhum. O fato é que o relacionamento é entre nós duas, não existe um terceiro entre nós. Bolsonaro não dorme na nossa cama”, disse.
Em sua defesa, Shalymar justifica o seu posicionamento com o seu contexto social e familiar. “Homossexual não tem padrão e eu sempre fui uma pessoa fora da caixa. Cresci com arma dentro de casa, tenho uma aparência masculina, sou filha de um militar maçom, que é o homem mais carinhoso que já conheci. Quando contei que era lésbica, meu pai foi o primeiro a me apoiar. Ele me abraçou e tomamos cerveja juntos”, lembrou.
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Jéssica lamenta que a sua companheira não consiga enxergar que o radicalismo do candidato à presidência seja prejudicial para as minorias, inclusive a comunidade LGBT, na qual faz parte. “A Shalymar faz parte de um contexto social e familiar, e não enxerga quem ele é, e o que representa para as minorias (negros, pobres, mulheres). Não vê que nossa liberdade está ameaçada com uma possível vitória dele. E eu não acredito em um país potência em que as pessoas não podem expor suas opiniões e ser quem são”, completou.
Apesar das diferenças, o casal faz planos de ter filhos e não teme que as crianças sofram com uma educação feita pelas mães com posições tão discordantes. “Não consigo ver minha vida ao lado de outra mulher. Quero que ela crie nossos filhos, ensinando todas as doutrinas feministas e tudo bem. Será uma casa maneira”, ressaltou Shalymar.