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Gay revela que foi abusado por padre e pede justiça ao Papa Francisco

Publicado em 09/09/2017

Um detalhado relato de uma jovem vítima de abuso sexual na Colômbia foi revelado na íntegra nos últimos dias na internet. O que torna o assunto ainda mais delicado é que o ato teria sido cometido por um membro da Igreja Católica.

A revelação está numa carta de um homem que afirma ter sido abusado por um sacerdote católico quando tinha 18 anos. Na época, nos anos 2000, a experiência acabou fazendo com que a vítima se sentisse culpada, confusa e manifestasse até um quadro de depressão.

Apesar dos problemas causados pelo abuso, hoje ele conta, que é um homem com mais de 30 anos, que conseguiu superar os traumas e que é mais confiante de si mesmo e de suas ideias (e que inclusive tem um namorado!).

Na carta originalmente publicada pela BBC, o homem que se declara gay e clama por justiça ao Papa Francisco.

Confira a carta na íntegra:

“Acho que era final de novembro. Eu fiz uma viagem a Medellín com amigos da faculdade para um retiro. Pedi para ficar por uma semana na casa que minha paróquia de Bogotá tinha em Medellín, para conviver com os seminaristas e compartilhar momentos com eles. Um amigo meu falou com o padre que era diretor do seminário.

Fomos à missa, levaram-nos para uma fazenda e esse padre me intimidou muito. Por quê? Porque ele era o chefe do curso e, como eu queria ser padre, seu voto era muito importante para a admissão.

Tudo começou em um domingo ou num feriado, porque fomos convidados para uma fazenda para tomar um lanche…

Fomos para a fazenda e então o padre começou a olhar para mim. Nos sentamos em uma mesa, eram dez pessoas, havia um contato visual e eu não entendi o que estava acontecendo. Ele estava olhando para mim. E eu olhava para ele e pensava :

‘Este homem é o mais importante da casa, deve estar me analisando, atento às minhas atitudes, eu não sei.’

E quando estávamos a caminho da casa, ele se aproximou de mim e disse: ‘Vamos bater um papo?’. Como ele era uma figura de autoridade para mim, eu disse: ‘Sim, vamos conversar’.

Já estava começando a escurecer.

Ele disse: ‘Vamos ao meu escritório e conversaremos’. Há algo que eu não sabia: o escritório também era seu quarto. Chegamos ao escritório e ele pergunta: ‘Uma bebida?’.

Havíamos tomados algumas cervejas no almoço. Ele falou: ‘Puxa, não tenho mais cervejas, quer uísque?’. Eu respondi que não havia problema.

Aos 18 anos, eu não bebia muito.

Começamos a conversar, ele sabia que eu estava muito interessado em entrar na comunidade e que eu queria ser padre. Ele começou a me perguntar os motivos para esta vontade, o que minha família dizia, por que eu estava na universidade. E em um momento, ele me fez a seguinte pergunta: ‘Quando você entra, se você entrar, há três votos a serem feitos: o que você acha do voto de obediência? O que você acha do voto de pobreza? E do voto de castidade?’

Então falei do que pensava do voto de obediência, falei do que pensava do voto de pobreza e falei do que pensava do voto de castidade.

Aos 18 anos, eu nunca tinha feito nada com ninguém. Nem com homem, nem mulher, nada. Às vezes, somente algumas brincadeiras de conversa sexual com primos, primas, algo que acho ser comum. Mas, além disso, nada.

Então eu disse a ele: ‘Eu não acho que isso seja inconveniente na medida em que nunca estive com ninguém e nunca explorei minha sexualidade, e acho melhor se alguém quiser ser casto, não saber o que existe’. Então ele me perguntou: ‘Mas você nunca se sentiu atraído por ninguém?’

Naquela época, passava um bom tempo com uma amiga na faculdade, então eu disse: ‘Bem, tem essa garota’.

– O que há de errado com ela?

– Ela é um pouco louca.

– Mas o que você sente quando está com ela?

– Eu me sinto muito bem, mas ela é casada. Mesmo assim, ela me atrai, é linda. Estamos o tempo todo juntos, ela vai para a minha casa e nos falamos à noite.

Quando conversamos sobre os outros votos, foram apenas cinco minutos. Mas nesse assunto, houve uma ênfase.

– Se você nunca esteve com alguém, como você faz suas descobertas sexuais?

– Eu me masturbo, como muitas pessoas.

– Quando você se masturba, você se acaricia, como você faz?

Obviamente, desde quando pequeno, eu temia ser gay, mas pensei que não poderia dizer isso a um padre porque este iria me rechaçar. Então, para mim, o mais fácil era falar sobre minha amiga.

Então ele insistiu:

– Mas então, o que você faz?

– Eu imagino coisas.

– O que você imagina?

– Me imagino dormindo com alguém. À noite, me masturbo ou tenho uma ereção.

– E você nunca se permitiu [acariciar-se em outras partes do corpo]?

– Não.

– Por que você não se permite?

– Nunca fiz isso, nunca me permitiu e nunca me ocorreu fazer isso.

As perguntas eram tão estranhas. Eu pensava que ele ia me propor algo, mas não sabia como reagir. Eu pensei: ‘Eu não quero’.

Eu me questionava: ‘O que está acontecendo? Não entendo, mas vamos ver se ele quer saber se sou gay ou não’. Essa era a minha maior preocupação, se ele sabia ou não e se permitiria o meu acesso à comunidade. Para mim, a aceitação dele era muito importante. Então minha tendência era de agradá-lo.

***

Chegamos a essa casa às seis horas da tarde, quando estava escurecendo. Conversamos por duas horas, então estávamos bebendo por duas horas, e meu copo nunca estava vazio – ele se certificava para que meu copo estivesse sempre cheio.

Então ele continuou me perguntando:

– Mas você não toca atrás?

– Não.

– Você não toca as suas pernas?

– Não.

Lembro claramente que ele colocou a mão no meu joelho e disse:

– Nunca fez isso com sua própria mão?

– Não.

– Incomoda que minha mão esteja aí?

– Não.

– E se eu fizer isso? – ele subia e descia com a mão. – O que você sente?

– Nada, eu não sei.

Eu estava em estado de choque, já me sentia muito invadido em meu espaço pessoal. Era também muito difícil para mim – agora não tanto, mas naquela época muito mais – que alguém me abraçasse, tocasse.

– Te incomoda?

– Não.

E ele continuava e continuava, o filho da p*ta.

– O que sente?

– Nada.

– Você gosta?

– Sim.

A próxima coisa que lembro é ele dizendo: ‘Vamos para o meu quarto?’. Ele se levanta, me leva pela mão. Eu realmente não me lembro do que eu disse. Havia um corredor, eu achava que era o corredor do banheiro, mas era o corredor do quarto. Então eu me sento na beira da cama, ele senta na beira da cama.

Eu estava muito nervoso, tremendo.

Ainda conseguia sentir minhas pernas. Não me lembro do que veio depois. Eu sei que ele me beijou, ele não me beijou na boca, ele me beijou nas orelhas, nos ombros. Não me lembro de como ele me despiu. Mas lembro que já estávamos ambos nus.

Eu não sabia o que fazer.

Eu estava nu com alguém, algo que eu sempre quis fazer em uma descoberta sexual, mas não sabia o que fazer. Ele conduziu tudo:

‘Deite-se’.

Nos deitamos.

Para mim, houve algo que foi forte e é como eu lembro disso na minha cabeça: que nunca pensei que o pênis de outra pessoa fosse assim. Isso é estranho de dizer, mas eu lembro dele como muito marcante, seu tamanho e tudo. E tentei brincar, fazer coisas, mas não sabia o que fazer.

Não sei quanto tempo passou, perdi a noção do tempo. Houve umas brincadeiras sexuais. Eu meio que não fiz nada. Acho que ele ficou aborrecido, é minha teoria, porque a próxima coisa que me lembro é ele dizendo: “Vamos ao banheiro e nos masturbamos”. Eu não sei se ele estava esperando que eu fizesse mais coisas, não sei.

Nós fomos ao banheiro, nos masturbamos. Eu me vesti, acho que ele também, e fui ao meu quarto.

Mas foi uma merda.

Para mim, sair do quarto deste homem foi como se o mundo tivesse caído sobre mim. Além disso, eu estava do seminário, com seus longos corredores e oito mil portas. Era tarde da noite e meu quarto estava na mesma ala que a dele. Fui ao meu quarto, não queria ver nenhum dos meus amigos. Quando cheguei, a primeira coisa que fiz foi fechar o meu quarto.

Me sentia mal.

Acho que ali começou a parte difícil, começou o que mais me machuca, o que depois de muitos anos eu descobri que doía… Eu queria estar com um homem, mas não foi agradável.

Eu não queria, não escolhi fazê-lo. Eu não disse: ‘Você, pessoa A, nos conhecemos, conversamos e decidimos entre os dois que vamos fazê-lo’. Eu queria ter feito isso com alguém que me atraiu, com quem eu tivesse algum tipo de relacionamento. Não sei.

Foi a influência do poder, é aí que tudo se torna uma merda, que é o que vem depois, quando eu me mato internamente. Não foi agradável, havia um tema de fé, onde eu fiz o que estava proibido.

Tomei banho por meia hora, senti-me sujo, muito sujo. Eu chorei, acho que chorei.

Eu me deitei, não dormi. Ouvi passos no corredor e isso me assustou. Não lembro quantas vezes, mas naquela semana eu tomei banho pelo menos três vezes por dia.

O assunto era muito difícil, porque eu queria conversar com alguém, mas era embaraçoso. Além disso, com quem eu iria falar?

Nos dias em que estávamos em um momento de oração, quando eu estava orando, meditando, só me lembrava disso. Eu não queria vê-lo, não queria estar perto dele, nada. Ele olhava para mim, mas não veio falar comigo.

Eu chorei, chorei e chorei e não pude chamar minha mãe, porque eu não disse a ela que estava em um seminário. Além do que, ela ia me dizer o que sempre dizia: ‘Os sacerdotes vão abusar de você, por isso não quero que você seja sacerdote’.

Minha mãe estava certa.

Procurei o padre (o mesmo daquela noite) e disse: ‘Padre, quero confessar’. Não queria confessar a outro padre. Eu me perguntava: ‘Com quem vou falar disso? Só posso falar com a pessoa com quem isto aconteceu’. Confessei porque naquele dia ou no dia seguinte havia uma missa e eu tinha que receber uma comunhão, então, sendo rigoroso como eu era, não poderia ter uma comunhão pecadora – e isso foi um grande pecado para mim.

Fui e me confessei com ele. Quase não consegui confessar com ele. A penitência foi ‘rezar uma Ave Maria’, como se eu tivesse dito que roubei um doce na loja. Era estranho para mim, porque pensei que tinha feito algo muito ruim. E continuei com a dinâmica de tomar banhos e banhos, trancado no meu quarto, chorando e chorando.

Voltei para Bogotá.

Ele me ligava. Me ligava para perguntar: ‘Como você está?’. Eu obviamente me escondia para atender as chamadas. Eu via o nome dele no celular, ficava nervoso, atendia, mas não queria falar com ele.

Depois de alguns meses, o padre foi transferido para Bogotá. E ele era a única pessoa com quem eu poderia conversar. Então, um dia, disse a mim mesmo: ‘Vou encontrá-lo e dizer que tudo o que aconteceu é errado, que ele é um padre filho da p*ta, que quebrou seus votos, que já estou em outra e que ele não me ferre mais’.

Nos primeiros dois meses depois [do episódio] lembro-me de chamadas dele. Uma vez fui para o seminário, começamos a conversar e o cara me traz o assunto: ‘Como você se sente sobre o que aconteceu? É que para mim te ver me excita muito, olha como você me deixa. Por que você não se senta nas minhas pernas?’. Para mim, ele ainda era uma figura de autoridade. E pronto, ele começou a me mostrar o pênis de novo.

Eu me perguntei: ‘Isso está acontecendo de novo?’.

Eu me senti como um bunda, mas não consegui parar. Hoje eu questiono, por que não. Eu não sei se pela influência que ele tinha… Eu não sei, mas não consegui e acabamos nos masturbando de novo e eu voltei a me confessar.

Procurei outro padre, mas… não era capaz. Como na primeira confissão, e agora na segunda, não disse: ‘Eu venho confessar-me porque dormi com um homem’. Eu dizia, de uma forma muito diplomática: ‘Meu pecado foi usar meu corpo por prazer’. Era um grande tema dentro da igreja, fazia sentido dizer isso.

Logo, o assunto tinha sido fechado para mim, mas foi reaberto cerca de sete anos depois.

Ele foi aberto porque eu estava morava em outro país e ainda tinha o sonho de ser padre. Para mim, estava claro que não queria estar na mesma comunidade do padre que abusava de mim. Conheci um menino em uma casa que compartilhava com outros católicos como eu, homens e mulheres. Começamos a sair. Ficamos muito atraídos um pelo outro, mas éramos católicos super certinhos. Nunca foi algo sexual, víamos filmes juntos. Um dia, disse a ele: ‘Acho que sou gay’.

Ele parou de falar comigo. E para mim, isso gerou muita instabilidade emocional.

Costumava passar o tempo com os jesuítas e comecei a dizer-lhes o que estava acontecendo com esse cara. Havia um seminarista, hoje padre jesuíta, a quem amo muito, porque ele era meu diretor espiritual.

E começamos a falar sobre o assunto do menino, minha sexualidade e minha vocação.

Foi a primeira vez na minha vida que falei sobre o que aconteceu em Medellín. Percebi que não tinha feito nada de errado. Ele disse: ‘Desculpe, peço desculpas pela Igreja por alguém ter feito isso com você’.

Ele me disse:

– Você vale muito, você tem coisas muito valiosas e não está certo o que fizeram com você.

– Não, eu estava lá, eu era maior, tinha 18 anos. Fiz errado.

Foi ele quem me mostrou que nunca tinha feito algo errado, porque até aquele momento pensava que era um filho da p*ta. Eu acreditava que tinha sido o culpado por ter concordado em entrar no quarto, por ter dito sim.

Ali, eu disse: ‘Aquele homem abusou de mim, aproveitou sua influência de poder e o que ele significava para mim para fazer isso’.

Acho que o que também se configurou como um abuso foi tudo o que aconteceu depois, esse sentimento de culpa que tive. Se tivesse tido vontade, por que me sentia culpado? Por que me sentia sujo e pecador? Por que tomei banho 80 vezes por dia por uma semana?

Isso não teria acontecido se eu quisesse ter dormido com ele.

E eu suspeito que o que aconteceu comigo pode ter acontecido com outros.

Para mim, foi maravilhoso como os jesuítas me trataram: ‘Você é a criação de Deus, e todos, como criação de Deus, que também é o que a Bíblia diz, fomos criados à imagem e semelhança de Deus’.

Não me sentia julgado por um padre, por Deus ou qualquer um. Algo que na Colômbia é mais difícil, mas que neste outro país era algo em voga. Na minha paróquia, havia casais gays que ficavam de mãos dadas na missa.

Algo que eu gostava muito nos sacerdotes jesuítas neste país é que eles perguntavam abertamente: ‘Você é gay, você é bissexual, você teve uma namorada, você teve namorado, você já se casou?’. E descobri que havia muitos jesuítas gays que viviam no celibato.

Não tive medo de repetir o que aconteceu em Medellín, porque eles estavam abertos.

Nesta época, aceitei que era gay. Aceitei que Deus não ia me julgar e que não me odiaria por ser gay, porque, no final das contas, ele me fez assim.

Para mim, foi como reconhecer minha sexualidade dentro de algo que era muito importante para mim, a minha fé.

Eu gostaria de me casar. Não há necessidade, mas funciona para mim. Assim como creio na confissão, nos sacramentos da Igreja, vou à missa com meu namorado…

Então, tive uma crise com a Igreja em 2011, quando decidi relacionar-me com alguém.

Essa pessoa dizia que Deus não queria que ele fizesse isso, ele era um cristão evangélico.

Naquela época, também decidi que não queria mais ser padre.

Sobre o voto de castidade, não sei. Não sei, porque quando estava dentro (da igreja) e queria ser padre, era a favor do voto de castidade, porque não exigia que eu tivesse uma esposa e eu não queria ter uma esposa, por razões óbvias.

Fui celibatário por anos e passava meses sem me masturbar. Porque a religião era muito forte para mim.

Mas acho que é uma escolha de vida no final das contas, que todos devem decidir se querem ou não e não deveria impedir alguém de ser sacerdote.

Tenho um amigo jesuíta estrangeiro, já um senhor, que é gay. Ele me disse que, quando estava no início da formação, teve um namoro e que toda a comunidade sabia disso – isso era bem manejado pela comunidade.

Tenho muitos amigos jesuítas abertamente homossexuais, que não julgam, que aceitam o assunto e que também vivem celibatos.

Um amigo jesuíta estrangeiro me disse abertamente: ‘Nós podemos nos masturbar sempre que quisermos e nada acontece’. Em outra comunidade na qual vivi, não podia se masturbar. É diferente.

Quando voltei a visitar o país estrangeiro, eles começaram a explorar todos os escândalos (dos abusos) nos Estados Unidos. Eu vi um documentário sobre o assunto e disse: ‘Estes são filhos da p*ta’. Eu escrevi para o meu diretor espiritual: ‘Vi esse documentário e estou chocado, isso não pode estar acontecendo’. Disse isso a ele porque ele foi o único que me fez ver que não tinha sido eu o desgraçado, mas o padre que me fez sentir assim.

Estes casos da vida real me convidaram a fazer isso, a estar aqui com você hoje, para tomar esta decisão [de contar sua história].

O que eu vejo é que a Igreja, apesar de ter uma posição de ‘vamos julgá-los’, acaba não julgando-os.

Penso que o importante é pedir ao papa que faça justiça, já que em todo o mundo há muitos casos de abuso de autoridade, abuso sexual, manipulação, abuso psicológico… Coisas que não devem ser permitidas dentro da Igreja, porque é uma instituição em que teoricamente a bondade é a coisa mais importante, a fé, a ajuda aos outros, o amor ao próximo.

Mas acredito que haja uma minoria que não é fiel ao que professa. Portanto, que haja justiça, rigidez e que não sejam feitas concessões àqueles que abusaram.

De qualquer forma, com o papa vejo uma melhora. É que mudar uma Igreja tão conservadora e tão grande é algo que não se faz de um dia para o outro. Há algo que para mim tem sido muito especial neste papa: ele é jesuíta. Os jesuítas me educaram na faculdade e acho que me educaram de uma forma integral, e eu gosto dos aprendizados que recebi.

Com eles, eu não me sentia julgado, quando internamente e pessoalmente aceitei minha sexualidade – isso me ajudou a evitar crises que muitos católicos podem ter. E, além disso, entendi muito mais sobre os jesuítas e os avanços que eles representam. Um jesuíta uma vez me falou: ‘A Igreja é como uma série de anéis, dentro há comunidades que permanecem no centro e puxam para o centro, e os jesuítas estão sempre na borda exterior e sempre trouxeram revoluções para a Igreja’.

Então, para mim, o papa é alguém que está puxando para fora e eu acho que é consistente. Acredito que ele gostaria de mudar muitas coisas, mas também acho que ele é um estrategista político e, se fizesse isso de um dia para o outro, perderia o diálogo.

Penso que o papa fez coisas boas. Há alguns jesuítas que amo muito, que se dedicam às comunidades. Hoje, sei que esse era o meu sonho, a razão pela qual sempre quis ser um padre: dedicar-me aos outros. Eu acho que papa Francisco está nessa linha.

Há momentos em que sinto vontade de tentar ser padre novamente. Penso que os anos mais felizes da minha vida foram aqueles, estando no seminário. Provavelmente agora tenho coisas que eu não tinha antes: a liberdade é o que eu mais tenho.

Meu namorado me fez essa pergunta. Deixei o assunto para lá, porque agora estou em um relacionamento e estou construindo isso. Mas eu acho que, no futuro, e porque eu sei de jesuítas que começaram aos 40, é possível que eu descubra que minha coisa não é estar com alguém.

Sendo honesto, não acho que vá me interessar ser padre.’

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