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Entrevista

Criança trans: Mãe conta detalhes da transição de filha trans de 8 anos

"Ela sempre teve preferência por tudo do universo feminino", diz

Publicado em 21/10/2021

Mudanças legais e sociais também compõem a realidade de pessoas trans, que passam a usar o que chamamos de nome social, que se adequa ao gênero ao qual o sujeito se identifica. Crianças trans é um tema polêmico, muita gente se debruça sobre essa questão da transição, que pode envolver expressão de gênero, hormônios, bloqueadores hormonais e questões legais, para levantar questionamentos. Em síntese, a ‘escuta’, realizada em geral por psicólogos e psiquiatras, viabiliza uma aproximação com a experiência das crianças. Além disso, uma rede ampla de amor, respeito e amparo dentro da família, núcleo primário de sociabilidade, é de extrema importância.

Ao Observatório G, Fernanda Ramos Dorneles, mãe da Maia, falou um pouco sobre a transição de sua filha, que completa 9 anos no final de outubro.

1 – Como se deu essa descoberta da Maia ser uma criança trans? Existem alguns padrões de comportamento/gosto feminino e masculino em sua opinião?

Ela sempre teve preferência por tudo do universo feminino, chorava pelos presentes da irmã e não dava bola para o paraíso dela, se maquiava, pegava roupas da mana e minhas bolsas e sapatos. Sempre amou pintar as unhas. Aos 7 anos, ela verbalizou com todas as letras: Sou menina e meu nome é Maia. A partir disso, passamos a buscar informações para saber como ajudá-la da melhor forma, sem reprimir nada, mas sem estimular nada também. 

2  – Eu já entrevistei uma moça que começou a transição aos 10 anos, no sentido de se compreender como mulher no mundo em torno desta idade, mas passou a fazer a hormonioterapia no futuro, quando estava um pouco mais madura. A partir do entendimento de que a sua filha é uma menina, como se deu a transição? Foi mais na questão das roupas, na expressão do gênero dela ou teve alguma outra interferência? 

Inicialmente acessórios femininos, depois as roupas, desejo pelo cabelo crescer logo, unhas pintadas, depois passou a pedir para levá-la para tomar os remédios que não deixam nunca ter barba. Ela foi por 9 meses acanhada em um ambulatório que não realizava bloqueio de puberdade e nem hormonização em menores, então, agora ela está sendo acompanhada em outro já faz 5 meses. E quando chegar o momento correto receberá os bloqueadores e, posteriormente, os hormônios.

3 – Em síntese, a assistência da saúde de pessoas trans vincula-se historicamente ao campo dos saberes biomédicos e psi – psiquiatria, psicanálise e psicologia. Para você, qual a importância de um especialista (psicólogo, por exemplo) neste processo de transição?

Ela foi apenas assistida por uma psicóloga no ambulatório que, sinceramente, não fez diferença alguma, mas o psiquiatra de lá foi fundamental para nos explicar tudo. Ele nos ajudou muito, o do antigo ambulatório e agora o do novo também é muito atencioso com a gente. O mais importante de tudo foi observá-la, deixar claro para ela que a amamos independentemente de qualquer coisa, para que ela se sentisse segura de ser quem é.

4 – Maia é do gênero feminino, se identifica e se expressa desta forma. Você acredita que é possível uma criança se identificar como menina trans porque só tem a mãe como referencial, por exemplo, e isso mudar no futuro? 

Não sei, aqui não teve nenhuma relação. Afinal, gênero é gênero e não influencia. Isso talvez aconteça com crianças que precisam chamar a atenção da mãe, para ter essa atenção. Minha filha sempre teve atenção e amor de sobra, logo aqui o que se deu foi uma criança crescendo e se percebendo como de fato é. Eu penso que só “muda” no futuro “de novo” quem não tem apoio da família, quem sofre preconceito, não porque deixou de se identificar, mas porque talvez cansou de sofrer. Logo aqui temos uma menina feliz, que os olhinhos brilham e creio que assim sempre será. Ela pediu para tirar o ex-nome dela de todos os documentos. Fiz tudo para o social, mas já estamos em fase final do judicial de retificação, é a maior vontade dela.

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