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Jean Wyllys fala sobre processos vencidos e a luta contra fake news

Publicado em 02/09/2019

Edição: Matheus Henrique Menezes

O ex deputado federal do PSOL, Jean Wyllys, hoje está afastado de seu cargo devido a inúmeras ameaças que o levaram ao autoexílio. Ele vem vencendo lentamente aqueles que o ofenderam e — de forma criminosa — mancharam sua honra por compartilhamentos de fake news.

Alexandre Frota, Carla Zambelli (do Brasil Nas Ruas e deputada sob PSL), padre José Cândido e o youtuber Nando Moura são alguns dos nomes que foram condenados pela Justiça a pagar indenizações a Wyllys. Na Alemanha para estudar e finalizar o seu doutorado, o político nos conta como enfrenta as divulgações de notícias falsas e difamatórias. Também cobra Sérgio Moro por falta de investimentos nas investigações que envolvam o seu nome.

Jean, desde a sua saída do Brasil, quantos processos por calúnia e difamação você já moveu e ganhou?

“Após a saída, não houve nenhuma nova sentença, mas há diversos procedimentos em andamento: ações cíveis, ações criminais, e investigações policiais. São inúmeros casos! Pra se ter ideia, nós conseguimos retirar judicialmente mais de 1 milhão de publicações e compartilhamentos difamatórios sobre mim das redes sociais, apenas no período eleitoral.

Além disso, já conseguimos condenações contra autoridades da república, como deputados e deputadas, líderes religiosos e até contra militar de alta patente. Mas apesar dessas conquistas na Justiça, há algo que considero gravíssimo, gravíssimo: a inépcia da PF (Polícia Federal) para descobrir quem está por trás e quem financia a rede de notícias mentirosas e calúnias contra mim e outras pessoas. Como a PF foi tão eficaz em chegar a um hacker que passou à imprensa informações verdadeiras sobre o ministro da Justiça, Sergio Moro, mas não descobre quem está por trás do perfil apócrifo que alimenta com mentiras e teorias conspiratórias o site O Antagonista? Será que a PF virou uma polícia política? Precisamos saber!”

Mesmo após o seu desligamento da política, você continua sendo alvo de fake news. De que forma você vem combatendo-as?

“Processar na Justiça e expor pessoas públicas e/ou com influência é um dos caminhos que uso para combater as notícias mentirosas ou falsas notícias. Prefiro usar esses termos do que o termo fake news, que suaviza a gravidade da mentira e da calúnia. Ratinho, por exemplo, está sendo processado por usar seu programa para me difamar, com um discurso fingindo ignorância.

Alguém que ganha o que ele ganha não pode fingir que não tem acesso à verdade dos fatos. Alguém que trabalha com comunicação e tem um filho deputado não pode se fingir de ingênuo ou desavisado sobre uma mentira ou uma calúnia. Como ele agiria se, por exemplo, Faustão falasse, em seu programa, que ouviu falar que Ratinho Júnior vendeu o mandato e é corrupto? Provavelmente moveria um processo e/ou exigiria de Faustão uma retratação pública.

Sergio Moro, Ratinho, Gloria Perez e Augusto Nunes
Sergio Moro, Ratinho, Gloria Perez e Augusto Nunes (FOTOS: Divulgação)

Então, eu estou exigindo essa reparação. Ele agiu como mau-caráter e se, por interesses financeiros e/ou políticos, não tem a decência de falar a verdade e pedir desculpas, eu apelo ao que ainda resta de decência ao nosso Judiciário. Já Gloria Perez, por outro lado, eu a expus num texto em meu blog. É inadmissível que pessoas como Gloria Perez se prestem a usar perfis apócrifos como fontes de informação!

Onde essa pessoa está com a cabeça? Que irresponsabilidade é essa? Ela tem ideia do impacto da mentira na vida dela, logo, como é incapaz de imaginar o impacto da mentira em minha vida? Outras formas de combater as fake news são campanhas de informação e responsabilidade, como a que a Globo fez com a Fernanda Gentil. Outra é exigir de jornalistas, honestidade intelectual.

Como as pessoas vão distinguir verdade de mentira, se jornalistas da imprensa comercial flertam com a mentira? Como vamos recuperar o campo dos fatos e da honestidade no jornalismo? Quando a família de Augusto Nunes for vítima do ódio que ele destila? Existem outros caminhos, eu creio. Meu trabalho agora é encontrá-los.”

Você está estudando o assunto na Alemanha, não? Você pretende escrever e publicar um estudo de combate à fake news?

“Pretendo, sim. Não sei se na forma de livro impresso… É preciso encontrar um formato que faça essa reflexão chegar a mais gente e à gente que precisa dela. Vídeos curtos? Textos-pílulas? Memes? Podcasts? Tudo isso junto? Ainda não sei. A Open Society está me dando a chance de estudar e pensar sobre o tema; com Democracia Aberta, associada a Open Society, estamos testando um formato de combate à fake news.

E agora em Harvard, no Afro-Latin Research Institute, como professor-pesquisador, vou me dedicar a pensar como enfrentar a articulação das fake news com os discursos de ódio e os horrores que ela produz.”

Que dica você dá aos brasileiros sobre o assunto? Como se informar sem riscos?

“Acho que essa resposta já está dada. Mas eu queria sugerir que cada pessoa pensasse na pessoa que mais ama na vida, antes de compartilhar qualquer coisa sobre uma pessoa que ela não conhece, e antes de escrever insultos sobre ela nas redes sociais.”

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