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Inseminação feita por Thammy e Andressa pode custar até R$70 mil; SP oferece tratamento gratuito

Publicado em 19/11/2019

Casais homoafetivos têm buscado cada vez mais na tecnologia formas de realizarem seus sonhos quando o assunto é aumentar a família. O preço é bastante salgado. Thammy Miranda, 37, e sua esposa Andressa Ferreira, 36, optaram por realizar nos EUA. A inseminação artificial de Bento, que nasce no começo de dezembro, pode custar até 70 mil reais dependendo do que for realizado. O hospital Pérola Byington, mantido pelo Governo de SP, oferece exames e outros procedimentos gratuitos com investimento anual de dois milhões de reais.

Em entrevista ao Observatório G, Beatrice Nuto Nóbrega, médica pela Universidade Federal do Ceará com mestrado em Ginecologia e Obstetrícia pela USP e Certificado de Atuação em Reprodução Assistida, explicou o passo a passo de todo o tratamento. A especialista ressaltou que a idade e as condições de saúde da gestante são determinantes para o sucesso da fecundação, gravidez e nascimento do bebê, e que o Brasil possui alta tecnologia para a realização dos procedimentos.

A ida ao exterior como EUA e Espanha se explica ao fato de que esses países possuem regras mais simples, diferente do Brasil. Quando o casal opta em realizar os procedimentos no exterior, como uma forma de amenizar os gastos, uma equipe no Brasil credenciada pela clínica realiza parte do processo por aqui mesmo. Por lá, a técnica em si pode durar até 15 dias.

Confira!

Quais são as etapas e as diferenças da inseminação artificial e fertilização in vitro? Para quem esses métodos são recomendados e por quê?

A inseminação artificial ou inseminação intrauterina é um procedimento de reprodução assistida de baixa complexidade, enquanto a fertilização é de alta complexidade. Na inseminação, o tratamento consiste na utilização de hormônios em baixas doses, muitas vezes por via oral, para uma indução leve da ovulação, acompanhada com ultrassonografia seriada. Quando atingimos o período fértil, é agendada a inseminação intrauterina.

Para esse procedimento, o homem faz a coleta do sêmen como em um espermograma e é realizado um processo de capacitação espermática, que concentra os espermatozoides móveis. Nos casos de ausência de espermatozoides, casais homoafetivos femininos ou produção independente, podemos usar o sêmen de doador, que é descongelado no dia da inseminação. Após isso, é passado um cateter por dentro do colo do útero, guiado por ultrassom, e os espermatozoides são depositados no fundo do útero, próximo às trompas.

Esse procedimento é indicado nos casos de alterações masculinas leves, dificuldade de ovulação como na Síndrome dos Ovários Policísticos, em alguns casos de infertilidade sem causa aparente e endometriose leve, e em casos em que é necessário uso de sêmen de doador.

Já a fertilização in vitro é um tratamento de reprodução assistida em que o encontro dos gametas feminino (óvulo) e masculino (espermatozoide), isto é, a fertilização em si, acontece fora do corpo da mulher. O tratamento também inicia com a estimulação de ovulação, mas, nesses casos, são necessárias medicações injetáveis para promover o desenvolvimento de vários folículos, estruturas do ovário dentro das quais o óvulo se desenvolve.

Após 9 a 12 dias de estimulação dos ovários, é agendada a coleta dos óvulos, feito dentro da clínica de reprodução assistida. Esse procedimento é realizado com uma anestesia leve (sedação), e por via vaginal, sem necessidade de cortes. Após a coleta, é feita a fertilização dos óvulos com espermatozoides, sejam de origem do parceiro ou de banco de sêmen (doador).

Essa etapa, que normalmente acontece dentro das trompas (tubas) da mulher, é feito dentro do laboratório de fertilização, com microscópios e incubadoras controladas, e os embriões são mantidos em cultivo. Após o desenvolvimento inicial (em geral 3-5 dias) dos embriões em laboratório, um ou alguns são transferidos para dentro do útero para continuar seu desenvolvimento. Os embriões excedentes podem ser congelados para uma próxima tentativa ou para uma próxima gravidez após alguns anos.

A fertilização in vitro é, portanto, um tratamento mais complexo, com mais medicações e mais uso de tecnologia, mas em geral com mais chances de sucesso. É o tratamento mais indicado nos casos de obstrução das duas trompas, alterações graves no sêmen, idade materna avançada ou quando há indicação de análise genética dos embriões antes da implantação. Pode ser utilizado também nos casos em que é necessário uso de sêmen congelado como nos casos de sêmen de doador.

As pacientes passam por uma bateria de exames? Como é todo o processo?

Antes de realizar qualquer processo de reprodução, os envolvidos devem passar por uma avaliação para saber se existem problemas de fertilidade ou problemas de saúde geral que possam complicar a gestação. Os pacientes passam por consulta médica em que é feita uma avaliação e são solicitados os exames prévios ao procedimento. A maioria dos exames pode ser feita pelo plano de saúde.

No caso quando a inseminação/fertilização é realizada por um casal formado por homem e mulher e não contam com a doação de sêmen, como é o papel do homem? Ele também passa por exames, quais são as etapas?

Quando usamos espermatozoides do parceiro, o homem também precisa passar por exames e por avaliação, que incluem uma consulta médica, exame de espermograma e sorologias para sífilis, hepatite B e C, HIV, HTLV e zika, no mínimo. Dependendo de cada história clínica, outros exames podem ser necessários.

Quando os procedimentos são totalmente descartados?

O procedimento só é totalmente contraindicado caso a mulher tenha algum problema de saúde grave para a qual a gravidez possa trazer muitos riscos à saúde, ou no caso de chances de sucesso desprezíveis. No caso de ausência de óvulos ou espermatozoides, podem ser oferecidos o uso de gametas de doador. No caso de ausência de útero, por ausência no nascimento ou cirurgia prévia na mulher, na impossibilidade de gestação na mulher ou nos casos de casais homoafetivos masculinos, podem ser utilizados úteros de substituição (barriga solidária).

Quantos procedimentos podem ser feitos?

Não existe um limite máximo para o número de procedimentos máximos que podem ser feitos. Esse limite pode ser estabelecido numa conversa entre o médico e os pacientes, considerando os riscos e as chances de sucesso.

Há uma idade mínima e máxima para os procedimentos?

No caso mulheres com mais de 35/40 anos enfrentam mais dificuldades para engravidarem, se puder explicar os motivos e os riscos nesses casos. As mulheres já nascem com todos os seus óvulos da vida. Por isso, com o passar da idade, vamos perdendo os óvulos em quantidade e em qualidade. Aumenta-se o risco de infertilidade, de aborto e de problemas genéticos.

Por exemplo, o risco de uma mulher aos 30 anos ter uma criança com síndrome de Down é 1 a cada 952 nascidos. Aos 40 anos, de 1 a cada 106, quase 10x maior, e aos 45 anos de 1 a cada 30. Mas isso se refere à idade dos óvulos. Quando se usa óvulos de doadora, o risco de doenças genéticas é relacionado à idade da doadora.

Além disso, uma gestação em mulheres acima dos 40 anos, independente do óvulo, acarreta um maior risco de síndromes hipertensivas na gestação, diabetes gestacional e parto prematuro, por exemplo. Isso acontece devido à idade da mulher como um todo, e às doenças que essa mulher pode ter adquirido ao longo da vida.

Por esse motivo, as técnicas de reprodução assistidas devem ser utilizadas preferencialmente em mulheres até os 50 anos. Após essa idade, podem ser aceitas exceções desde que haja uma avaliação clínica rigorosa e se explique à mulher ou ao casal os riscos de uma gestação. Não existe limite de idade mínima.

Quais são os riscos?

Os principais riscos de um tratamento de reprodução assistida são de gestação múltipla e de síndrome de hiperestímulo dos ovários, que ocorre quando há um crescimento exagerado dos ovários. Atualmente, as técnicas estão sendo cada vez mais desenvolvidas para reduzir esses riscos e o caso de problemas graves é baixo. Além disso, sempre deve se considerar o risco da gestação em geral, como trombose, principalmente em mulheres que possuem problemas de saúde

Quanto custa cada procedimento no Brasil e nos EUA?

O preço do tratamento pode variar entre cada região, entre clínicas e de acordo com cada caso. Por exemplo, no caso da utilização de sêmen de doador, ele precisa ser adquirido em bancos de sêmen nacionais ou internacionais. De uma maneira geral, a inseminação costuma ser 3-5x mais barata que a fertilização.

Por que há uma grande procura por tratamentos no exterior?

Em relação à tecnologia, acho que o Brasil não deixa nada a desejar em relação a outros países. No entanto, alguns países possuem regras mais abertas para os procedimentos de reprodução assistida. Por exemplo, a Espanha possui regras mais livres quanto à doação de óvulos, e por isso possuem mais opções de doadoras. Já os Estados Unidos possuem menos sigilo quanto à doação de sêmen, então é possível obter mais informações dos doadores, e existem mais opções quanto a opções de útero de substituição (barriga solidária), como nos casos de casal homoafetivo masculino. No Brasil, a doação de gametas é sempre anônima e a cessão temporária do útero pode ser feita apenas por parentes de até quarto grau.

É necessário algum tipo de acompanhamento terapêutico nesses casos?

Os níveis de ansiedade e depressão são bem altos em casais com dificuldade para engravidar. Além disso, o tratamento pode ser um fator ainda mais estressante. Por esse motivo, acompanhamento psicológico nesse período é sempre indicado, mas não é obrigatório.

Thammy e Andressa escolheram os EUA para realizarem o sonho de serem pais. Lá é possível escolher um doador de acordo com características específicas. Por que o Brasil não permite determinadas escolhas?

No Brasil, é possível saber diversar características do doador de sêmen, como altura, peso, cor dos olhos, cor e tipo do cabelo, profissão e hobby. Nos Estados Unidos é possível saber ainda mais características, como escutar a voz e ver foto do doador. Mas, mesmo fazendo tratamento no Brasil, é possível optar por importar sêmen de bancos internacionais e ter acesso a todas essas características.

O pré-natal e todo o acompanhamento da gestação exigem mais cuidados?

Em geral, sendo uma gestação única, os riscos são próximos aos de uma gestação espontânea. À exceção de medicamentos para ajudar a segurar a gestação no primeiro trimestre, os cuidados no pré-natal são os mesmos de uma gravidez que ocorreu sem tratamento.

Preço

De acordo com a Forbes, o tratamento pode custar até 70 mil reais dependendo da idade e as causas da infertilidade, mas, em média, pode variar de 4 a 5 mil reais (já com exames e medicação). Na Flórida, o pacote completo pode chegar a R$19.500. Lembrando que nesse caso, um médico credenciado no Brasil realiza boa parte dos procedimentos, cabendo ao casal realizar a etapa final nos EUA que pode durar até 15 dias.

SUS

O Governo do Estado investe cerca de R$ 2 milhões por ano para manter este serviço no Hospital Estadual Pérola Byington – Centro de Referência da Saúde da Mulher, localizado na capital. O Pérola oferece tratamentos de alta complexidade em reprodução assistida desde sua criação, em 1991, e é pioneiro na oferta desse tipo de tratamento, gratuitamente, no Brasil.

O congelamento de óvulos é realizado para pacientes em tratamento de câncer. Desde 2016, até o primeiro semestre de 2019, 325 pacientes realizaram esse procedimento para preservação da fertilidade. Além disso, realiza anualmente cerca de 250 ciclos de fertilização in vitro para mulheres com dificuldade de engravidar – nesses casos, a paciente deve ter até 40 anos, não pode ter doenças crônicas graves, como diabetes descompensado, cardiopatia grave, etc, e não pode ter tido três ou mais cesáreas anteriores.

O Pérola oferece todos os tipos de tratamento para infertilidade conjugal, sendo indução da ovulação, coito programado, inseminação intrauterina, fertilização in vitro e injeção intracitoplasmática de espermatozoide. Os exames necessários para o diagnóstico e tratamento do casal são oferecidos pelo próprio hospital, sendo os exames: espermograma, histerossalpinogradia, ultrassonografia, dosagens hormonais e sorologias infecciosas.

Os agendamentos são feitos pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) através da Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (Cross). Assim que a paciente é atendida, é indicado o tratamento e são solicitados os exames necessários. O processo leva de dois a três meses, como em qualquer serviço de reprodução assistida.

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