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Prostitutas respondem: “Quanto mais ‘engravatado’, mais pede inversão de papéis”

Publicado em 27/04/2019

A prostituição é um assunto que causa repulsa em muita gente e, ao mesmo tempo, atrai por ser extremamente intrigante. Ao longo da história, podemos sublinhar diversas mulheres, vistas como prostitutas, e que até foram mortas em decorrência disso.

Segundo algumas vertentes do feminismo contemporâneo, “puta” é sinônimo de mulher livre, logo, a essência pejorativa do termo foi redesenhada. Sem citar Madalena, que todo mundo já conhece, começamos por “Lilith”, sendo mito cultural ou não, foi denominada a primeira mulher de Adão, e representa um exemplo clássico da mulher livre, lascívia e subversiva. Agora, mudando de livro sagrado, dentro da filosofia de Thelema, cuja doutrina baseia-se no “Fazes o que tu queres, há de ser o todo da Lei”, o título da mulher fatal, fica pra “Babalon”. De fato, a grande puta da Babilônia, representa a liberdade sexual, impetuosidade e poder. * Existe uma literatura extensa sobre a gênese desta correlação entre as mulheres livres, prostituição e pecado. “Lilith: a lua negra”, de Roberto Sicuteri, é um livro inquietante e muito interessante. “História da sexualidade: o uso dos prazeres”, Michel Foucault, é muito aclarador.

Neste sentido, a história e a mitologia trazem mais algumas dessas mulheres. Evidentemente que, não será possível transformar isso aqui em um TCC, e contar sobre inquisição, a prostituição na história, dentro das civilizações e etc. Mas Parent-Duchatelet é uma ótima referência, inclusive para entender sobre esta prática na Pré-história e Idade Antiga, e sobre os termos já vulgarizados: “Prostituição sacra e prostituição hospitaleira”.

Prostituição e contemporaneidade

Contudo, a prostituição que tem mais similitude à atual pôde ser observada no princípio da civilização egípcia. De fato, as mulheres detinham um poder incrível de lubricidade e se entregavam por grana.

Já na Grécia, Afrodite de Pandemos, reconhecida como a vênus da Terra, personificava à prostituição.

Ademais, ainda na Grécia, pode-se citar às Heteras ou hetaira, são termos usados para designar as prostitutas de luxo na Grécia antiga. Entretanto, os serviços oferecidos não eram apenas sexuais, essas mulheres eram muito mais profícuas e prodigiosas. Assim, proporcionavam aos seus amantes, além do tesão, outro tipo de orgasmo: o mental. Detentoras de uma educação refinada e de um conhecimento que transcorre o ordinário, muitos procuravam para troca de conhecimento, cultura e questionamentos.

Para findar todo esse exposto, Simone de Beauvoir bradou em O Segundo Sexo: “Para que a prostituição desapareça, são necessárias duas condições: que uma profissão decente seja assegurada a todas as mulheres; que os costumes não oponham nenhum obstáculo à liberdade do amor”.

Filme que tematiza o assunto

Sobre os filmes, o Clássico Francês “Jovem e bela”, traz uma garota melancólica, blasé e, ao mesmo tempo, extremamente sexual. Sinaliza bem aquela dualidade: “Devassa e inocente”. A garota divide o tempo entre a escola e o novo trabalho como prostituta de luxo, utilizando o pseudônimo Lea.

Perguntas

A prostituição se define de uma forma bem simples: Dinheiro em troca de grana.  Em sua opinião, qual a principal motivação que impele pessoas a procurarem por esta profissão: Opção ou determinação social?

Ilana: Esta pergunta é ótima e, ao mesmo tempo, se abre para várias respostas. Pela minha extensa experiência eu digo que os dois. Muita gente quer desvendar um pouco deste mundo de sexo, prostituição, porque ele é visto como proibido. Mas também existem pessoas que embarcam nisso, porque vivem à margem da sociedade. Mas eu ainda acho que o principal motivo é determinação social.

Tarsila– No meu caso foi opção, a maioria das meninas, inclusive as que moraram comigo também. Eu acho que a maioria é opção. Hoje muitas meninas optam por isso, e são meninas formadas, que fazem curso superior e tudo.

Pilar– Poxa, os dois. Mas o principal mesmo é opção. A gente gosta de sexo e resolve monetizar. (Risos).

As mulheres te procuram muito? Te procuram mais para sexo a três? As mulheres são menos ou mais impetuosas na abordagem? Qual sua percepção sobre isso?

Ilana– Me procuravam, né. Como você bem sabe hoje sou advogada. Bom, sim. Geralmente para sexo a três, mas elas adoravam. A mulher ama o toque de outra mulher, porque é mais sensível. São menos impetuosas. Mas quando são destemidas, não têm pra ninguém.

Tarsila– As mulheres adoram trepar com outras mulheres. Isto é bom, é sexy e revolucionário. Procuram sozinhas e para sexo a três. São impetuosas, mas preferem a discrição.

Pilar–  As mulheres me procuram menos. Mas, quando é para sexo a três, geralmente são elas que chegam. Todas as que chegaram foram impetuosas e diretas. Eu amo isso.

É muito comum homens falarem de sexo de forma escancarada dentro da literatura e serem considerados gênios: Charles Bukowski é um exemplo.  Você também sente muito preconceito, por ser uma mulher falando abertamente disso, sobretudo abordando às próprias vivências?

Ilana– Bom, hoje falo bem menos, porque estou em outra fase. Mas já falei muito, inclusive das minhas experiências.  Ou seja, sempre senti muito preconceito.  Nós mulheres, você também com esta matéria, somos muito julgadas ainda quando abordamos este tema tão natural. Porém, hoje, com minha nova vida, estou me resguardando mais.

Tarsila– Sim, sinto bastante. Eu trato do assunto sem tabu. As pessoas ainda enxergam o corpo e o sexo como pecado e motivo de segredo.

Pilar– Sim. Toda vez que toco neste assunto parece que estou cometendo um crime.

Uma vez, em uma entrevista, eu vi uma moça do ramo dando a seguinte declaração:  “ Geralmente, os “engravatados “ e defensores da moral , são os que mais pedem inversão de papéis”. Em sua opinião isto confere? Você teve que incorporar o masculino muitas vezes?

Ilana – Muito Verdade (risos). Quanto mais engravatado mais pede inversão de papéis! (Risos) Bom, eu não posso falar por todas, seria prepotência. Contudo, de acordo com as minhas experiências, isto confere. Eu tive que ser homem várias vezes. Eles amam e são muito sensíveis.

Tarsila– Nossa, que provocação, adoro! (Risos). Então, faz sentido, mas abafa o caso.(Risos)

Pilar– (Risos). Olha, geralmente os que me pedem isso são bem sérios. Respondi? (Risos).

O projeto de Lei 4211/2012, batizado como Lei Grabriela Leite, foi protocolado em 2012 pelo Deputado  Federal  Jean Wyllys. Foi assim batizado porque Gabriela Leite foi a prostituta, autora do livro “Filha, mãe, avó e puta”. Em sua opinião, a regulamentação da prostituição seria uma medida eficaz ou você acha que o Estado, devido à sua inércia em oferecer outras oportunidades, tentou a regularização? Qual sua percepção?

Ilana– Ketryn, o estado é impotente. Eu não confio em partido nenhum. Com certeza só tentaram regulamentar para disfarçar uma incompetência deles. É preguiça virando lei.

Tarsila– Eu acredito que seria bom, pois nos sentiríamos mais seguras. Mas não dá pra parar por aí. O governo deve dar mais opções.

Pilar– Eu não sei te responder isto. Mas, a única coisa que sei, é que sempre que eles dão alguma coisa, querem outra em troca.

Antônio Abujamra,  em seu programa “provocações”,  entrevistou uma prostituta anônima. Neste sentido, ela decidiu ceder esta entrevista, mas usando um véu para cobrir seu rosto. Você acha que este véu foi usado apenas temendo o julgamento de terceiros, ou também existe uma vergonha de si mesma?

IlanaVocê tocou em um ponto extremamente profundo. Em muitos casos existe uma vergonha de si mesma, por causa da religião e princípios aprendidos.  No início, eu nem conseguia repetir pra mim mesma o que fazia. Eu acho que o véu foi usado pelos dois motivos.

TarsilaEu entendo sua provocação, mas não acho que ela tenha sentido vergonha dela, a não ser que a família seja religiosa. Na verdade religião e família tradicional é sempre um problema.

Pilar Se ela usou o véu, ela tem vergonha dela mesma, porque julgamento sempre terá. Mas lidar com o julgamento é muito difícil. O motivo de eu não me identificar é esse, eu não sei lidar com tantos julgamentos.

Os nomes apresentados na entrevista são fictícios para preservar a identidade dos entrevistados.

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