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Direito a Deus

Carta de Judas – A expressão “carne estranha” se refere aos homossexuais?

A despeito do aspecto mitológico que possa existir no sexo entre anjos e mulheres humanas, o Livro apócrifo de Enoque, citado por Judas, descreve essa união

Publicado em 04/05/2022

A Carta de Judas é mais uma passagem usada por muitos para condenar a homossexualidade. O trecho utilizado diz:

Mas quero, portanto, lembrar-vos, embora já saibais disso, como o Senhor salvou o povo da terra do Egito, e destruiu depois os que não creram. E aos anjos que não guardaram o seu estado original, mas deixaram a sua própria habitação, ele reservou cadeias eternas sob trevas até o julgamento do grande dia. Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que da mesma maneira, deram-se à fornicação e seguiram após carne estranha, foram postas, como exemplo, sofrendo a vingança do fogo eterno.”

Pois bem. Um primeiro ponto a ser dito é que qualquer passagem Bíblica que se refere aos moradores da cidade de Sodoma não tem vínculo com homossexuais, que se relacionam de forma consensual, formando relações homoafetivas.

Quem acredita que homossexuais são maníacos, apenas demostra seu total preconceito pelas relações entre pessoas do mesmo gênero ou pelas pessoas LGBTQIAP+. Os laços homoafetivos são formados como qualquer relação heteroafetiva.

Dito isso, o ponto de discussão da Carta do Apóstolo Judas se encontra nos versículos 6, 7 e 14, os quais nos transportam para a passagem do Livro de Gênesis 6:2 e para o Livro Apócrifo de Enoque 6:1-2.

Assim, vejamos: A Carta de Judas nos traz 03 exemplos de pessoas que caíram da Graça de Deus (versículos 5-7):

1) os hebreus tirados do Egito, que não creram;

2) os anjos que não guardaram o seu estado natural, e abandonaram sua própria habitação, se entregando a fornicação (relações sexuais indevidas);

3) os homens de Sodoma e Gomorra que, assim como os anjos, também se entregaram a fornicação (relações sexuais indevidas), seguindo após carne estranha.

Judas escreve com a intenção de alertar os irmãos acerca de pessoas que estavam se introduzindo no meio deles com doutrinas mentirosas. Ele fala de homens ímpios, que converteram a graça de Deus em dissolução (imoralidade), negando a Deus.

Na verdade, o apóstolo tinha a intenção de escrever acerca da “salvação comum”. No entanto, percebeu a necessidade de enviar uma carta de alerta e exortação. Ele, então, fala daqueles três exemplos, relembrando os irmãos acerca do que aconteceu com aqueles que foram desobedientes aos mandamentos de Deus.

No versículo 14, Judas diz que Enoque profetizou sobre isso:

E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos para fazer juízo contra todos e condenar dentre eles todos os ímpios, por todas as suas obras de impiedade, que impiamente cometeram, e por todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra ele.”

Enoque também é citado no Livro de Gênesis, capítulo 5, mas os seus livros não foram incluídos no cânon bíblico. Não obstante, transcrevo abaixo a aludida profecia citada por Judas e descrita no 1º Livro de Enoque, capítulo 6, versículos 1 e 2:

E aconteceu depois que os filhos dos homens se multiplicaram naqueles dias, nasceram-lhe filhas, elegantes e belas. E quando os anjos, os filhos dos céus, viram-nas, enamoraram-se delas, dizendo uns para os outros: Vinde, selecionemos para nós mesmos esposas da progênie dos homens, e geremos filhos.”

O Livro de Enoque, apesar de excluído do cânon bíblico judaico, é um livro citado pelo apóstolo Judas, assim como o versículo 9 cita trecho do Livro “Assunção de Moisés”. Pelo fato de não pertencer ao cânon, alguns religiosos não aceitam a passagem que Enoque cita os anjos que se envolveram com mulheres, como uma explicação para a citação de Judas sobre os anjos que caíram.

O relato trazido no 1º Livro de Enoque é descrito de modo similar no Livro de Gênesis 6:2, o qual ainda diz que esses filhos gerados pelos anjos eram homens poderosos. Porém, essa passagem também narra que essa união entre anjos e mulheres não agradou a Deus. Segundo Gênesis 6:2

Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.

Então, disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos.

Havia, naqueles dias, gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes, que houve na antiguidade, os varões de fama”.

A expressão “Filhos de Deus” em hebraico é “Veney-Haelohym” e filhas dos homens é “Benot Haadam”.

Veney ou Beney= Filhos

HaElohym = de Deus

Et-Benot = Filhas dos

Haadam = Homens

Uma parte dos estudiosos dizem que a expressão “Filhos de Deus”, descrita em Gênesis 6:2, se refere a ‘humanos’. Outra linha, porém, diz que se refere a ‘anjos caídos’.

Os que defendem que “Filhos de Deus” se refere a humanos dizem que a Bíblia usa essa expressão para se referir a homens no Evangelho Segundo João 1:12. Nessa linha, defendem que “Filhos de Deus” se refere à descendência de Sete e que as filhas dos homens se referem à descendência de Caim.

Com todo respeito por quem acredita na 1ª corrente, eu vou dizer o porquê defendo a 2ª corrente, e acredito que “Filhos de Deus” se referem aos anjos. Primeiro, aqueles que defendem a 1ª corrente são em maioria religiosos conservadores, os quais pregam que o pecado de Sodoma é a homossexualidade. Além disso, os conservadores têm dificuldade de aceitar livros que não estejam no cânon bíblico. Mas a questão é que Judas cita o livro de Enoque, apesar de ele ser apócrifo. Enfim.

Para os conservadores, Gênesis 6:2 falaria de um casamento entre filhos da benção (descendência de Sete) e filhos da maldição (descendência de Caim), o que seria desagradável a Deus. O raciocínio é: os filhos da benção não poderiam se misturar com os filhos da maldição. A união interracial naquele tempo não era agradável a Deus, haja vista os costumes dos povos, especialmente idolatria.

Entretanto, por que Judas compara o pecado dos anjos com o dos moradores de Sodoma, ao afirmar que ambos se prostituíram e foram atrás de outra carne? Note que no versículo 7 Judas usa a expressão “da mesma maneira”. Há uma nítida comparação de atos:

Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que da mesma maneira”

Além disso, por que o apóstolo diz que os anjos deixaram seu estado natural e seu domicílio, e cita as profecias de Enoque no versículo 14?

Ora, pensem comigo: Judas segue falando desses ‘homens ímpios’ e lá no versículo 14 diz: “e destes profetizou também Enoque”.

Logo, qual a dificuldade de entender que Judas está falando que Enoque também profetizou sobre esses fatos quando citou os anjos que se uniram às mulheres?

Inclusive, o termo “filhos de Deus” (“Haelohym Veney”) também é usado para se referir a anjos em Jó 1:6, e ninguém discute isso.

Logo, a despeito de ser um tema polêmico, os que defendem que a Bíblia se refere a homens, não explicam muito bem o que Judas quer dizer comparando anjos aos sodomitas. Mas quando você raciocina pela 2ª Corrente, fica mais fácil de entender.

Vamos analisar?

Quando o Livro de Judas, se referindo aos anjos caídos, usa expressões como “deixaram a sua própria habitação” e “assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que da mesma maneira deram-se à fornicação e seguiram após carne estranha“, é possível observar que há uma comparação entre os atos. A expressão “da mesma maneira” diz muito. E a expressão “após carne estranha” diz mais ainda.

Desse modo, as minhas razões são as seguintes:

1) Primeiro, os anjos deixaram sua condição e abandonaram a sua habitação para se envolverem com mulheres. Os anjos não foram feitos para o sexo (Mateus 22:30). Anjos e Mulheres são “corpos” diferentes e, por isso, a expressão “carne estranha”. Era um “sexo estranho” para Deus;

2) Os Sodomitas também praticavam um “sexo estranho” para Deus, pois consistia em ato de violência praticado com o intuito de humilhar e subjugar. Além disso, era uma violência sexual contra anjos, pois eram anjos aqueles dois visitantes que estavam com Ló, de modo que era também uma “carne estranha” que os homens de Sodoma objetivavam abusar sexualmente.

Ainda que se defensa que os homens de Sodoma não tinham conhecimento da natureza daqueles visitantes, o fato é que para Deus aquele ato seria antinatural.

A verdade é que a Carta de Judas traz mais uma prova de que os homens de Sodoma praticavam um sexo antinatural (carne estranha/outra carne), pois praticavam esse sexo homossexual por uma questão cultural e não natural. É dessa “antinaturalidade” que Judas fala.    

Lembremos de que os “homens” que visitaram Sodoma eram na verdade anjos enviados por Deus. Portanto, a estranheza da relação aqui não diz respeito à homossexualidade, mas sim ao sexo praticado entre anjos e seres humanos.”

(Daniel A. Helminiak – O que a Bíblia realmente diz sobre a homossexualidade).

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